quarta-feira, 30 de março de 2011

Arquitetura do Renascimento

Chama-se de Arquitetura do Renascimento ou renascentista àquela que foi produzida durante o período do Renascimento europeu, ou seja, basicamente, durante os séculos XIV, XV e XVI. Caracteriza-se por ser um momento de ruptura na História da Arquitetura em diversas esferas: nos meios de produção da arquitetura; na linguagem arquitetônica adotada e na sua teorização. Esta ruptura, que se manifesta a partir do Renascimento, caracteriza-se por uma nova atitude dos arquitectos em relação à sua arte, passando a assumirem-se cada vez mais como profissionais independentes, portadores de um estilo pessoal. Inspiram-se, contudo, na sua interpretação da Antiguidade Clássica e em sua vertente arquitetônica, considerados como os modelos perfeitos das Artes e da própria vida.

É também um momento em que as artes manifestam um projeto de síntese e interdisciplinaridade bastante impactante, em que as Belas Artes não são consideradas como elementos independentes, subordinando-se à arquitetura.

   1. Século XV e início do XVI. Considerado o período da Alta Renascença, no qual atuam arquitetos como Donnato Bramante e Leon Battista Alberti.

Periodização

A história da arquitetura do Renascimento, como um todo, costuma ser dividida em dois grandes períodos:

   1. Século XIV e início do XV. Neste primeiro momento destaca-se a figura de Filippo Brunelleschi e uma arquitetura que se pretende classicista, mas ainda sem o referencial teórico e, principalmente, a canonização, que caracterizará o período seguinte.
   2. Século XVI. Neste momento, as características individuais dos arquitectos já começam a sobrepor-se às da canonização clássica, o que irá levar ao chamado Maneirismo. Atuam arquitectos como Michelangelo, Andrea Palladio e Giulio Romano.

Características gerais

A arquitetura do Renascimento está bastante comprometida com uma visão de mundo assente em dois pilares essenciais: o Classicismo e o Humanismo. Além disso, vale lembrar que, ainda que ela surja não totalmente desvinculada dos valores e hábitos medievais, os conceitos que estão por trás desta arquitetura são os de uma efetiva e consciente ruptura com a produção artística da Idade Média (em especial com o estilo gótico).

História da Arquitetura Renascentista

É comum atribuir o momento de gênese da arquitetura do Renascimento à construção da cúpula da Catedral de Santa Maria del Fiore em Florença, por Brunelleschi. Tal episódio não representa apenas uma mera mudança no perfil estilístico que predominava no cenário arquitetônico florentino, mas demonstra a ruptura que o Renascimento viria a representar na própria forma de produzir a arquitetura, abrindo caminho para não só a redescoberta do Classicismo, como para a promoção da tratadística. Leonardo Benevolo afirma que Brunelleschi estabelece um novo método de trabalho ao, entre outras coisas, separar o projetista do construtor.

O fato de a importância de Brunelleschi manifestar-se de forma mais importante no campo do fazer arquitetônico que no do estilo torna-se mais clara quando, observando-se o conjunto de sua obra, percebe-se que ele, mesmo que desejasse seguir a canonização clássica, produzia ainda uma arquitetura não completamente comprometida com as regras clássicas, fato decorrente principalmente de não ter conhecimento profundo das normas clássicas, que conhecia mais pela experiência que pela prática. Entretanto, é ele quem inicia uma tradição de arquitetos que não mais está ligada às corporações de ofícios e cujos profissionais irão cada vez mais (mesmo que, efetivamente, pouco durante o Renascimento) afirmar-se como intelectuais afastados da construção propriamente dita. Alguns[nota 1] críticos que analisam esse fenômeno sob a óptica marxista identificam, aí, o momento em que a futura burguesia toma das classes populares o domínio dos meios de produção (que deixa de ser o poder de "construir" e passa a ser o poder de "desenhar"), possibilitando um processo de exploração do Proletariado pelo Capital que tornar-se-á evidente após a Revolução Industrial.


A cúpula da Santa Maria del Fiore



Santa Maria del Fiore foi uma catedral executada em estilo tardo-românico cuja construção consumiu diversas gerações (foi iniciada por Arnolfo di Cambio em 1296 e interrompida com sua morte em 1302, retomada por Francesco Talenti em 1337 estendendo-se até as primeiras décadas do século XV. Quando da morte de Brunelleschi, em 1446, ainda não estava concluída). Não foi "projetada": seu desenho e sua execução ocorreram de forma paralela. Ainda que existisse um plano geral para sua forma e sua distribuição interna, os detalhes construtivos, segundo a prática construtiva medieval, foram sendo resolvidos à medida que eram feitos, no próprio local. Previa-se, portanto, a existência de uma cúpula sobre um determinado ponto da igreja, mas o projeto da cúpula não estava definido de antemão. Quando chegou o momento de erigi-la, os artesãos florentinos depararam-se com um vão de mais de quarenta metros, impossível de ser vencido através das técnicas construtivas tradicionais.

A solução encontrada (em 1418, quando a República de Florença já demonstrava claras intenções de manifestar seu poder econômico na arquitetura de sua cidade, funcionando a catedral, portanto, quase como um "cartão-de-visitas") foi promover uma espécie de concurso de idéias para a conclusão da cúpula, cujos ganhadores foram Brunelleschi e Lorenzo Ghiberti, em um projeto conjunto. Brunelleschi, na época, já era um artesão relativamente reconhecido e aceitou o desafio. Decidiu, porém, viajar até Roma ao invés de tentar solucionar o problema ali mesmo. Roma era naquele período o local, em todo o mundo, cujas ruínas da Antiguidade Clássica mais estavam visíveis, e quase que integradas à paisagem "natural". A principal fonte de inspiração para Brunelleschi revelou-se no Panteão daquela cidade: uma estrutura com um vão similar ao de Santa Maria del Fiore vencido com uma cúpula em arco pleno. Brunelleschi não só observou a solução construtiva existente no panteão como começou a estudar as relações estilísticas, proporcionais e formais entre os vários elementos que compunham aquele espaço. É efetivamente nesta atitude que o espírito do Renascimento começa a se manifestar: o indivíduo observa uma determinada realidade e através de um desejo, uma intenção, interfere naquela realidade buscando as soluções para os problemas de sua própria realidade. Brunelleschi ainda não tem consciência plena da teoria clássica por trás das obras da Antiguidade, mas reconhece nelas um modelo estilístico que por ele será usado para construir sua própria arquitetura.

Com o pensamento marxista Brunelleschi decidiu voltar a Florença para assim dar continuidade em sua escultura com forma de leão.

Voltando a Florença, munido de uma experiência clássica inédita até então, Brunelleschi propõe uma solução para a cúpula, munido de toda a inventividade que caracterizará o Renascimento, baseando-se em suas pesquisas em Roma. Brunelleschi não se limita a "copiar" as soluções romanas, mas propõe uma totalmente nova: sua cúpula será a primeira cúpula em estrutura octogonal da História da arquitetura. Tal foi o impacto da nova cúpula na cidade de Florença que a imagem da catedral passou a ser elemento fundamental na própria constituição da cultura da cidade,vindo a própria catedral a ser conhecida popularmente como Duomo.


 Domínio da linguagem clássica

Brunelleschi, portanto, ficará conhecido na história como o responsável por traçar o caminho em que praticamente todos os arquitetos do Renascimento trilharão suas obras. Porém, como já foi citado acima, ele ainda não tinha pleno domínio sobre as várias ordens sistematizadas da linguagem arquitetônica clássica, o que se verifica quando ele próprio acaba "criando" uma linguagem individual, na qual os elementos clássicos transparecem mas não respondem ao ordenamento antigo.


 Típica igreja de planta central, tipologia disseminada no Renascimento.




Os arquitetos que ficam responsáveis por herdar o caminho por ele traçado, não por acaso, são responsáveis pela busca do ordenamento e do cânone. O domínio do Classicismo ocorrerá de fato ao longo do século XIV (ainda que a sua sistematização plena só se dê com a publicação do tratado de Serlio no século seguinte), e terá na pessoa de Donato Bramante uma figura paradigmática. Neste momento (e, especialmente, após a teorização da arquitetura proposta por Alberti no seu tratado De re aedificatoria), já existe uma consciência bastante forte dos constituintes formais da arquitetura grega e romana: as possibilidades de composição, as soluções encontradas e a síntese espacial é, em geral, conhecida. Desta forma, os arquitetos renascentistas têm à sua disposição todo o potencial criativo oferecido pela linguagem e o espírito da época, podendo vir a manifestar-se, potencialmente, através, não da cópia dos clássicos, mas de sua superação.

É justamente na obra de Bramante que este espírito se concretiza de uma forma mais íntegra - e aí justifica-se destacá-lo frente aos seus contemporâneos. Bramante prova, através do projeto de palácios e igrejas, que não só conhece e domina as possibilidades da linguagem clássica como também entende as características e o espírito de sua época, aplicando o conhecimento antigo de uma forma nova, inédita, mas acima de tudo, clássica. O Tempietto, por ele projetado, é, praticamente, uma releitura (mas, definitivamente, não uma cópia) dos templos de planta central, circulares, típicos de um certo período da arquitetura romana. Mais tarde, o arquiteto inglês Christopher Wren releria a obra de Bramante e a proporia sob uma nova forma em seu país, sem, no entanto, copiá-lo: o processo de caráter renascentista, como se vê, vai além da estética dos edifícios e incorpora o pensamento arquitetônico.

O Tempietto ("pequeno templo") de Bramante, igreja de planta central paradigmática do Renascimento.

Bramante também populariza uma linguagem que (como já se ressaltou, é plenamente clássica) foi por ele desenvolvida e explorada. Inspirada nos arcos triunfais romanos, as características compositivas destes são aplicados aos projetos de palácios. A principal imagem deste "estilo bramantiano" é a tríade de aberturas adornadas com arcos de volta inteira, sendo que dois deles estão a uma mesma altura, com o central maior.
A superação dos clássicos, mantendo porém o caráter clássico, se dá especialmente na medida em que os arquitetos do período propõem soluções espaciais em programas novos (como os grandes palácios, diferentes dos romanos, ou as novas catedrais e basílicas). Elementos como as abóbadas e cúpulas são usados de uma nova forma, ainda que as ordens (jônico, coríntio, etc) sejam formalmente seguidas.

8 comentários:

  1. GOSTEI!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
    VOU USAR ESTA RECEITA LOGO AO JANTAR!

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  2. vc tem cá uma boina!!!!!!!!!!

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  3. Respostas
    1. pena que nao tem como curtir comentarios

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    2. muito plágio meu deuss! e pior que pega conteúdo só do wikipedia, nem pra copiar de um livro que presta ela copia :(

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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